Amorosamente me acolhes

2ª palavra: “Amorosamente acolhes a minha alma …”

 Para iniciar vamos refletir sobre três definições específicas que compõem a primeira parte do tema do nosso encontro:
1. Amorosamente: de maneira meiga e carinhosa; em que há amor. Quando pensamos no amor de Deus, falamos do amor Ágape. De origem grega, ágape refere-se ao amor incondicional, que se doa, que se entrega… Em Deus há esse amor; Deus é o próprio amor. Prova disso encontramos o texto de Jo. 3:16 que nos revela essa grande verdade: “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho Unigênito para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.”
Deus é o amor, capaz de dar seu único filho gerado para agregar à sua família outros filhos adotados, nós, que cremos em seu verdadeiro amor.
2. Acolher: Ato ou efeito de acolher, recepção, recebimento, receptividade, atenção, consideração, respeito, aceitação, e adoção: Hospitalidade, pousada,  abrigo seguro, refúgio, esconderijo.
Nestes dois termos encontramos o ato de Deus ao nosso favor, nos doando seu único filho e nos acolhendo como filhos.
3. Alma: segundo a definição de Edson Duque, o homem passou a ser alma vivente ao receber o sopro divino, como vemos no relato da criação do homem em Gênesis 2:7.

– Dimensão física/corpo (pó da terra) – visível
– Dimensão espiritual (sopro divino) – invisível
Ambas as dimensões necessitam estar conectadas.

Alma, do hebraico nephesh, traz também uma tradução de “pescoço.” O pescoço liga a todo o corpo físico, trazendo conectividade, funcionalidade e sensibilidade. A alma conecta as partes do nosso ser e forma a nossa própria vida. “Você só tem uma vida porque tem uma alma.”

Deus colocou algo em nós que conecta todas as partes do nosso ser e nos transforma em um ser humano à imagem e semelhança de Deus. Alma é a dimensão do ser que preserva e fomenta a dignidade humana. Toda pessoa tem uma alma criada por Deus para se relacionar com ele. Deus não deseja que nenhum se perca, e a todas as pessoas Ele oferece a chance de restauração. Com o pecado, o homem decidiu viver sua vida independente de Deus, tal qual já estudamos na vida do Filho Pródigo.

Quando pensamos no movimento de Deus vindo ao nosso encontro como pessoas amadas, entendemos que a vida de Deus, o sopro Divino nos tornou seres especiais e distintos na sua criação. Portanto, Deus é a própria vida movendo-se em direção ao homem, conectando-o com Ele.

No decorrer da narrativa bíblica do plano de redenção de Deus para o homem, encontramos personagens que por mais indignos que fossem, Deus os tornou dignos de serem chamados seus filhos. Pedro foi um desses casos. Sendo ele Impetuoso, impulsivo, por vezes falava sem pensar, certamente não agia com a firmeza e segurança de uma rocha, na maioria das vezes. Mas ao escolher os seus seguidores Jesus não procurava pessoas ideais, mas pessoas reais, que possuem uma alma, uma vida que tem valor, apesar de seus erros, pessoas que podem ser modificadas por seu amor e enviadas a acolher outros que necessitam ser acolhidas por Deus através da Palavra e testemunho.

Uma questão nos vem à mente: O que Jesus viu naqueles homens a quem Ele escolheu para segui-lo? O que Deus vê em nós, mulheres, conectadas no Encontros e Caminhos? Fomos escolhidas por Deus. Tratamos em encontros passados que fomos escolhidas a dedo para fazer parte deste grupo de amigas, amigas de Deus, amigas umas das outras.  Antes de sermos escolhidas para o grupo, fomos escolhidas por Deus, para nos conectar a Ele.

Pedro foi escolhido por Jesus apesar dos seus erros. Somos escolhidas por Jesus apesar dos nossos erros, das nossas escolhas que não deram certo, das nossas alianças quebradas. Estamos conectadas em Cristo e por Cristo.

Em Jo. 3:34 Jesus recomenda aos seus seguidores que amem uns aos outros como Ele mesmo os amou para que sejam conhecidos como discípulos dele.       Amar ao próximo não era um mandamento novo, mas amar ao semelhante com o amor (ágape), sacrificial, assim como Cristo amou era um mandamento revolucionário. Jesus foi um exemplo vivo do amor de Deus, e nós devemos ser um exemplo vivo do amor de Jesus.

Pedro, orgulhosamente diz que é capaz de dar a sua própria vida e ir à prisão ou até à morte por Cristo. Porém, Jesus o corrige e afirma que naquela mesma noite, para proteger-se, Pedro o negaria três vezes antes que o galo cantasse. E assim foi. Posso imaginar o medo, a amargura e a angústia no coração de Pedro ao ouvir o cantar do galo naquela noite.
Até então, Pedro era movido pelo entusiasmo de andar com Jesus, agora passa a vivenciar momentos de fracasso e desânimo. Para seguir a Jesus e amar ao próximo como ele amou é necessário mais do que entusiasmo, precisamos de compromisso, e esse compromisso demonstramos à medida em que crescemos no conhecimento da Palavra de Deus e na fé.

As experiências de Pedro nas horas seguintes mudariam sua vida. Ele passaria de um seguidor desanimado a um pecador arrependido, e finalmente, ao tipo de pessoa que Jesus pode usar para a edificação da sua Igreja.
Pedro chorou amargamente não só porque havia negado seu Senhor, mas porque havia perdido um amigo querido, tinha sido afastado do amigo Jesus que o amou e caminhou lado a lado com ele por três anos, compartilhando experiências e lições preciosas! Jesus também teve seu grupo de amigos chegados. Assim Pedro que disse nunca negar seu Senhor, falhou como discípulo e como amigo.

Precisamos estar cientes dos nossos pontos fracos, para não nos tornarmos excessivamente confiantes e autossuficientes. Se falharmos com Jesus, devemos lembrar que Ele pode usar os que reconhecem seus fracassos.  Daquela experiência humilhante, Pedro aprendeu muitas coisas que o ajudariam a assumir a liderança da igreja de Cristo que estaria por nascer.

Pedro atravessou alguns dias de escuridão até que Jesus ressuscitou e enviou-lhe um recado: “Mas ide, dizei a seus discípulos e a Pedro que ele vai adiante de vós para a Galiléia; ali o vereis como vos disse.” Mc 16:6
Ah, posso imaginar o suspiro de alívio que Pedro deu ao ouvir que o Mestre ressurreto, agora marcava um encontro com ele, aquele que o negara no momento mais crítico de sua agonia! Pedro foi mencionado de forma especial para mostrar que a despeito de sua negação, o discípulo ainda pertencia a Jesus, Ele não o tinha abandonado ou esquecido. Havia grandes responsabilidades para serem delegadas a Pedro quanto a uma igreja que ainda não existia. Talvez ele precisasse de um encorajamento especial após a experiência amarga de ter negado a Jesus.
Há muito que Senhor ainda queira compartilhar conosco, ainda que a despeito das nossas falhas, das nossas negações a seu respeito, dos nossos fracassos. O próprio Jesus marcou um encontro conosco neste lugar, aqui e agora.

Mais uma vez a alma de Pedro está sendo acolhida amorosamente por Jesus e recebendo a confiança e a certeza que não estava tudo perdido, pois ainda havia muito mais para Pedro. Jesus havia reservado uma experiência ainda mais marcante para este homem. Jo. 21: 15-17
Pedro negou a Jesus três vezes, e três vezes Jesus perguntou a Pedro se ele o amava. Ao perguntar três vezes Jesus o confronta no tocante ao seu verdadeiro amor. Na primeira e na segunda vez Jesus referia-se ao amor ágape, sacrificial, que se doa, incondicional. “Pedro, tu me amas mais do que estes? Apascenta as minhas ovelhas.”  Na terceira vez Jesus usou o termo grego phileo, que significa afeição, afinidade ou amor fraternal, estava perguntando: “Pedro, você é meu amigo?” Nas três vezes Pedro responde utilizando o termo phileo.

Jesus não queria respostas prontas, rápidas e superficiais, ele queria ir mais a fundo na conversa com Pedro a ponto de dar-lhe segurança para apascentar as suas ovelhas. Pedro teve que enfrentar as suas verdadeiras motivações.

Quais são as nossas motivações pra seguir a Jesus? Que respostas temos pra lhe dar enquanto amigas, enquanto “suas amigas”, enquanto suas discípulas?

A vida deste discípulo mudou quando finalmente percebeu quem era Jesus. A sua ocupação mudou de pescador para evangelista; a sua identidade mudou de impetuoso para seguro, seu relacionamento com Jesus mudou. Pedro se tornou um homem perdoado, e finalmente entendeu a importância das palavras de Jesus sobre a sua morte e ressurreição.

Meu desejo é que nossas vidas sejam mudadas também nestes dias e possamos não somente nos sentir amorosamente acolhidas por Jesus para nosso conforto próprio, mas para que, juntas à missão de Pedro possamos dizer: Jesus, tu sabes que eu te amo, e assim, fazermos parte da missão dada a Pedro: “apascenta as minhas ovelhas”.

Susilaine Fabre

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