3ª palavra: …e com ternura me conduzes
Minha frase:
Quero começar falando primeiro sobre minha frase:
“A vida está cheia de conquistas e perdas, alegrias e tristezas, altos e baixos; no entanto, você não precisa viver isso sozinha”.
Esta frase é extremamente de Deus. E eu quero dizer que já tive muitas perdas, mas já tive muitas conquistas. Quanto às tristezas, eu não fico curtindo tristeza, choro uma semana, esperneio, vou pra cruz e deixo lá. Altos e baixos todo mundo tem. Às vezes você tem amigos, às vezes não tem; às vezes você tem casa, às vezes não tem; às vezes você tem família ou não. Mas os altos e baixos pertencem a Deus, e é Deus quem nos eleva. E eu nunca estive sozinha, perdi alguns amigos, mas ganhei outros. Nesse processo eu tomei decisões, e hoje eu colho o fruto de cada uma delas, porque Deus nos ensina a ser Igreja, e a não ser egoístas. Então, a solidão ela existe na vida ministerial, mas ela não existe a nível pessoal. Nós temos que viver o chamado de Deus, ninguém vive pra gente, e o chamado custa a solidão, mas não é uma solidão que dói, é uma solidão que nos ensina a ser o que Deus tem preparado pra nós.
Meu chamado:
A segunda coisa que quero falar com vocês é um pouco sobre o começo da minha vida, por causa do que eu tenho para ministrar hoje.
Quando eu tinha 17 anos Deus me deu um sonho, onde ele me mostrava uma casa sem terminar, toda aberta e sem nada dentro. E me dizia: Esta é sua casa. Eu esqueci esse sonho e fui estudar, fazer faculdade, fiz teologia, fui para o campo.
Deus falava comigo muito cedo, e eu não entendia. Comecei a entender quando eu começava a namorar e não dava certo, começava a fazer outros coisas e não dava certo. E Deus foi me ensinando, até que cheguei ao ponto de entender sua escolha para minha vida. E, aos 25 anos, eu tomei a decisão de fazer o que Ele estava me pedindo, de não me casar. Foi difícil. Abortei todo o projeto de família que eu tinha, e fui ver o que tinha por aí na estrada da vida.
Então Deus falou comigo em Isaías 54: “Canta alegremente ó estéril, e exulta aquela que não tiveste dores de parto … mais são filhos da estéril que os da mulher casada… alarga o espaço da sua tenda… o teu Criador é o teu marido…”
Se Deus chama para algo difícil ele tem resposta, ele tem o selo da vitória, e você só tem que obedecer. Nesse texto de Isaías tem muitos verbos para serem trabalhados: crer, clamar, cantar. Você é estéril, mas você tem que cantar. A fertilidade só vem no processo de obediência ao chamado. Não tente ser fértil para oferecer a Deus o seu fruto. Você precisa ir a Deus para gerar novos frutos, e oferecer a Ele justiça. É assim que funciona a Palavra de Deus, ela gera para você oferecer. Se você oferecer sem gerar nela, você estará oferecendo transgressão, iniquidade, pecado.
Então eu disse: Deus, para eu viver esse processo, eu preciso conhecer a tua Palavra. A bíblia é o meu primeiro livro. Eu sempre gostei de livros. Eu comecei a ler muito sobre os grandes homens da história: Finey, Moody, Hudson Taylor, William Carey, Corrie Ten Boom, et¢. Homens importantes na história da Igreja, que hoje essa geração nem sabe quem são. Homens como Jonh Huss que morreu na fogueira para defender a verdade da bíblia. Eu li também sobre os homens da bíblia: Davi, Moisés, Arão, Habacuque…
Isso fortaleceu o meu arsenal de amigos. Esses foram os primeiros amigos que tive. São pessoas por quem eu via a vida de Deus fluir. Depois vieram as pessoas reais.
Naquele tempo eu esqueci aqueles sonhos da casa com três aposentos.
E quando Deus me lembrou esses sonhos, em 2016, eu falei: O senhor me revela agora, depois de trinta anos? Por que não revelou antes? Agora estou sem voz, sem visão, sem saúde, como vou ministrar isso? O Senhor me respondeu: Como você ia ministrar uma coisa que você não tinha? Eu não tinha conhecimento, não sabia o que era a luz, não tinha visão, não sabia ficar quieta e parar para descansar.
Esse primeiro quarto da casa revelou esse processo de minha jornada. E eu passei por tudo isso, até sem perceber. E quando precisava descansar eu fiquei doente.
(Biblioteca: Livros, mesa, luz, globo, cadeira para descanso)
Depois disso, no processo de estudar, comecei a orar para Deus me ensinar, e falei: eu preciso de unção por que não posso cumprir isso. Eu orei por dois anos seguidos: Espírito Santo me ajuda e me ensina. Eu achava que todo crente entendia a bíblia como eu estava entendendo, mas descobri que não. Eu sei que recebi de Deus um dom especial. Eu sei disso, e zelo muito por isso. Não sou egoísta.
E como Deus falou para mim sobre filhos, eu comecei a procurar por eles. Deus já prometeu. Onde estão? Orando, o pastor pediu para eu ensinar para uma classe da igreja em Americana. Eu tive 42 alunos no primeiro grupo, onde, apesar de tudo eu fiz valer a verdade da Palavra de Deus. Depois conheci as meninas (Leirte, Susi, Rita e Edna), e depois houve outras classes.
Esse é o contexto do meu chamado.
Quando Marisa me passou o tema “com ternura me conduzes”, eu pensei: Não sou a pessoa certa para falar de ternura. Mas Deus me deu o mesmo tema para o acampamento da igreja: “A ternura de Deus”. Assim aceitamos o desafio porque a primeira a ser tratada somos nós.
Um dia Deus me falou: “Eu fiz a tua fronte tão dura como a deles”, como disse a Ezequiel, falando da obstinação do povo de Deus. Deus está falando da igreja. E quando a gente começa a trabalhar com as pessoas, percebemos como o povo é duro. Nós somos duros. O pecado nos endurece, nos obstina e nos fortalece carnalmente. E nós passamos a nos defender contra a Palavra de Deus, contra o amor de Deus e contra a esperança de Deus em nós.
E foi assim que começou esse processo de trabalhar com discipulado. E eu passei pelo desafio de me deixar levar para onde Deus queria.
O discipulado:
“Amigos são mimos de Deus…”
Pedi para uma pessoa fazer essas tartaruguinhas, e orei sobre suas mãos. A pessoa que fez as tartaruguinhas estava com depressão.
Quando você precisar que alguém faça algo, ore pelas mãos dela. Ore especificamente. Se é questão de veredas novas, ore sobre os pés; se de orgulho, ore sobre os joelhos; se perturbação mental, sobre a cabeça; se é sobre uma ocupação, então ore sobre as mãos. Não tenha medo, porque é Deus quem faz.
Isso foi um ensino novo para mim. E tem a ver com discipulado, com legado.
Depois procurei umas ovelhinhas e não achei, e a mesma pessoa que fez as tartaruguinhas, sem o saber, fez estas ovelhas e me mandou. Veja como Deus é atento!
Nós sempre entendemos discipulado como estão essas ovelhas, uma atrás da outra; você é um exemplo e alguém te segue. Quando comecei a pensar sobre legado, entendi um novo conceito de exemplo. Nós não precisamos andar em fila, mas como família, em grupo, cuidando uns dos outros. Não atrás um do outro, mas olhando um para o outro. Pai olhando para o filho; filho para o pai; É discipulador olhando para o discípulo e discípulo para o discipulador; pastor olhando para ovelhas e ovelhas para pastor. É uns com os outros, se relacionando, de frente, olho no olho.
Eu lembrei do propósito do Encontros e Caminhos, a quatro anos atrás, que é andar olhando um para o outro, para nos ensinar, como Igreja, a cuidar uns dos outros. Se você não quiser “olho no olho” você não é obrigada, mas se você se propôs a andar juntas; minimamente, seja coerente. A incoerência é infrutífera para o aprendizado. Ela nos torna obstinadas dentro de um processo de transformação. A pessoa se atrapalha, atrapalha o outro e nos atrapalha, porque a gente quer andar. E nesse processo que estou vivendo, eu falei para Deus que eu não tenho tempo a perder com essas coisas. O Senhor me deu coisas novas e o Senhor traz ouvidos novos para ouvir. Não posso mais ensinar as mesmas coisas de trinta anos atrás.
O Tabernáculo:
No ano passado, orando a Deus veio a revelação do 2º quarto, que é sobre o Tabernáculo. Eu sempre gostei do Tabernáculo. E eu trouxe uma maquete.
Estudar o Tabernáculo para mim faz toda a diferença para entender a bíblia. A igreja não estuda o Tabernáculo. É a história da humanidade. É a nossa história de salvação. É onde tudo começou. O tabernáculo, não é apenas o que Moisés construiu lá no deserto, ele desceu do céu para nos ajudar a ter uma vida de vitória. A visão do tabernáculo é a visão de nossa jornada.
Ele foi construído dentro dos limites definidos por Deus. (Êxodo 34 a 42)
O Tabernáculo foi feito sob medida. Deus caprichosamente deu todas as medidas para Moisés. É assim que vai ser, Moisés, nem um milímetro a mais, nem um milímetro a menos. Vocês acham que se isso não fosse importante, Deus teria feito assim? Você precisa entender isso pra sua vida. Quais são as medidas que Deus exige de você, para que você possa conseguir caminhar na jornada em direção ao amor e ao acolhimento?
As Coberturas: Cada uma tem sua cor e simbologia. Estude sobre as coberturas da Tenda, porque isso é muito profundo.
O Pátio: No pátio era imolado o cordeiro. O que apenas o sacerdote poderia fazer. Se outro o fizesse em seu lugar, morreria. Vou dizer uma coisa muito forte aqui: Deus não tem problema em levar qualquer um, ainda que seja seu filho. Então trate de ensinar, porque tem filhos morrendo espiritualmente. Tem pais chorando amargamente seus filhos mortos. Então, se você tiver que gastar tempo, gaste com seu filho.
Tinha no pátio uma mesa para imolar o cordeiro, e tinha um cutelo de lâmina afiada, onde, de uma vez o animal era morto. Tem que ser sacrificado de uma vez, tamanha é nossa obstinação, porque se ela espernear ela volta a viver.
Logo após ser sacrificado na mesa, o cordeiro vai para o holocausto, onde tem fogo para queimar a gordura, que significa impureza. Depois do holocausto tem a bacia, onde os sacerdotes lavam suas mãos daquilo que significa o pecado daquelas pessoas e famílias.
O Lugar Santo: Nesse caminho que Deus fez, porque o Tabernáculo mostra a nossa jornada, você sai do pátio e entra na primeira porta, que é o Lugar Santo. A cruz abriu esse portal para nós.
O que tem no Lugar Santo? O candelabro, que significa a presença do Espírito Santo, a luz, a claridade. Ali você encontra também uma mesa com pães, os quais eram trocados a cada sete dias pelos sacerdotes. Eles comiam os pães, que os faziam lembrar que quem os nutria era Deus. E, sobre a mesa tinha vasilhas. Para que elas estavam ali?
Entendi isso quando li sobre a igreja de Laodicéia. Essa Igreja disse que estava abastada e não precisava de nada. Mas Deus disse que ela era pobre, cega e nua. O que você faria por uma pessoa assim? Jesus bateu à porta e disse: Quero cear com você. Quero sentar e comer com você. Quero te alimentar da minha presença. Você está farte de você mesma. Não estou aqui para te julgar, porque já te redimi. Eu quero é cear com você.
A ceia faz toda a diferença na vida do crente. Aprendi um novo conceito de ceia em apocalipse 3.20. Nós pecamos muito julgando o pecador. Temos que julgar o pecado porque se não o fizermos, não haverá arrependimento. Quando acolher alguém para ensinar, você tem que argumentar com ela, para que perceba o erro; mas faça como Jesus, assenta-te com ela, olha nos olhos e come com ela. Porque quando sentamos para comer, nossas armas caem. Então, para tratar com o outro a nível do amor de Deus, é assim que se faz.
Lembrando de Jesus com os discípulos de Emaús, percebemos que não é o lugar de cear que importa, mas estar na presença de quem está te conduzindo. Se você encontrar Jesus pelo caminho, senta e come com Ele. A Ceia do Senhor é isso. Não é um ritual. Assim os utensílios naquela mesa com os pães fala de cear com Jesus.
Então, nessa caminhada no Lugar Santo você passa pela luz, passa pela mesa da ceia e você vai encontrar um outro altar: o altar do incenso. O incenso é entrega, é oração. Nesse altar acontece a mudança. Desde que fomos redimidos, iluminados e alimentados, passamos a oferecer louvor, adoração, gentileza… porque a nossa vida começa a mudar.
Então o processo de vida com Cristo começa aqui, não é só lá fora, no pátio. Muitas vezes o que acontece conosco, como Igreja, é que passamos o portal e achamos que agora está tudo certo, e paramos na entrada. Não entramos no Lugar Santo e ficamos ali para percebermos, com profundidade o que significa a luz; para nos alimentar e nem para deixar as louças limpas. Porque ali é lugar de limpeza, de entrega, temor, obediência e oferta.
O Lugar Santíssimo: O Lugar Santíssimo pertence exclusivamente a Deus, onde entrava só o sumo sacerdote. Nesse lugar tinha apenas a arca da aliança, que significa a presença de Deus. Dentro da arca tinha três coisas que alimentam: O Maná, alimento para o corpo; as tábuas da lei, alimento para a alma; e a vara de Arão que floresceu e alimentou uma decisão.
A arca significa a santidade de Deus. Deus é santo. E porque Deus é santo e o homem é pecador, aconteceu uma separação. Assim o homem saiu da presença de Deus. Então, Deus fez o caminho de traz para frente, até o pátio, para nos buscar.
No pátio é lugar de confusão, lugar que cheira mal, lugar de morte. E, às vezes, como igreja saímos para fora e ficamos no pátio tentando socorrer os outros. Abrimos uma classe de discipulado no meio da carne, e queremos passar vida no lugar da morte, mas a vida está no Lugar Santo. É lá que tem alimento, iluminação, unção de Deus. Tem pessoas pastoreando sem ter a voz de Deus no coração. Cuidado com o que você está ouvindo. Tem que buscar a Deus. Tira tempo para isso. Tenha a ousadia de pedir: Espírito Santo me ensina. É ele que sabe todas as coisas, nós não sabemos de nada.
E a cruz está lá para mostrar o que Deus já fez por você, para mostrar que a vida de Deus está à sua disposição. A cruz está lá para mostrar que a morte não tem mais poder sobre sua vida. Mas, a vida começa na mesa, com o Cristo ressurreto. Se você não cear com o Cristo ressurreto, ele será só mais um pregado na cruz, e você não terá o temor de deixar ele ser vida em você.
A Igreja tem vivido isso muito negligentemente, deixando Jesus pregado lá na cruz. Não se prega mais sobre arrependimento, como se ninguém tivesse precisando ser crucificado. Não podemos brincar com o sacrifício de Cristo, e não tente se sacrificar no lugar dele, porque você não daria conta. O caminho é de dor, mas a dor foi dele.
Essa é uma jornada que não podemos fazer sozinhas. Nós nunca iremos sair do pátio diretamente para o Lugar santíssimo, há um processo.
Quando você vira e vai de novo para o pátio, o Senhor te chama, você atende e volta para o Lugar Santo. Aqui está o movimento que foi dito ontem: Ele te chama e te acolhe. Você entra de novo, e volta a orar, volta a clamar, volta a oferecer ações de graças. Larga as coisas que te prendem, larga o baú de antiguidades. Gosto de baú, não para ficar guardando coisas, mas para proteger o que é importante. As coisas preciosas precisam ser guardadas para servir como legado para a próxima geração.
Temos que fazer esse caminho para o Santo dos santos, porque é nesse lugar que é gerada a nossa vida com Cristo, e é ali que Deus nos conduz:
– da separação para a nova aliança, para o acolhimento;
– da desesperança para o abraço, para a esperança;
– do lugar de solidão para o contato;
– do superficial para a profundidade.
O Lugar santíssimo foi aberto por Jesus, mas Deus continua sendo santo. E Ele diz: “Fazei morrer a vossa natureza terrena, santificai-vos porque Eu sou santo. Deus não mudou quem Ele é, mas Ele quer mudar a nossa condição.
Há um caminho de acolhimento, de descanso, de ternura. Há um caminho de resposta para mim e para você. Isso lembra a rede. É preciso confiar; confiar que a Palavra de Deus funciona. Se você não entrar no Santo dos santos, você vai se tornar um fariseu, lá no pátio, cumprindo os rituais, vivendo na religiosidade.
Onde você está no Tabernáculo? Você está parada nele?
Deus nos deu novas vestes, nos deu pão, iluminação e vasilhas limpas. Você não precisa comer em pratos sujos da existência. Não podemos viver mais de qualquer jeito. Faça sua jornada na presença de Deus. Viva no Santo dos santos; recebendo o acolhimento dele. Tome a decisão de viver os planos de Deus para você.
Eu nasci no dia um do mês sete, ao meio dia. Porque Deus escolheu esta hora? O dia, mês e hora que você nasceu é um caminho de ternura, porque é só seu, é particular. É preciso perceber o que você foi chamada a viver e se tornar agente de sua história.
“Sê fiel ‘enquanto morre’, e eu te darei a coroa da vida.”
Lucinete Martins
02/06/2018